Villa Romana

O que é uma Villa?    

A Villa Romana rústica ou rural funcionava muitas vezes como casa de campo de um importante senhor romano, normalmente um magistrado de uma cidade.
Era uma grande quinta com muito terreno em seu redor ( latifúndio ) , onde se exploravam todos os recursos que a terra permitisse: produtos agricolas ( cereais, leguminosas, azeite, vinho, etc.); mineração de ferro e fabrico de utensilios de metal; criação de animais; fabrico de cerâmica; tecelagem; produção de sal ( para conserva de alimentos e tratamentos de couro ), etc.
Produziam sempre em maiores quantidades do que precisavam, para terem produtos em excesso que depois eram vendidos às cidades, no caso de Rio Maior poderia fazer comércio com Eburobritium ( Óbidos ), Collipo ( Leiria ) , Scallabis ( Santarém ) e ao exército romano.

A Villa era composta de três áreas principais:

Pars urbana - correspondia á zona mais luxuosa da construção e era onde vivia o propietário e a sua familia.

Pars rustica -  onde se encontravam instalados o capataz e os trabalhadores da herdade.

Pars fructuaria -  onde se situam os armazéns onde guardavam os produtos produzidos, a adega, os lagares, estábulos, pocilgas, galinheiros, coelheiras, palheiros, vacaria, padaria, correeiro, ferraria, e outros serviços que fossem necessários à produção de bens e manutenção da Villa.

Os terrenos pertencentes a uma herdade ( Villa ) eram tão grandes que parte deles eram alugados a pessoas que os quisessem trabalhar, formando pequenos Casais familiares.

É possivel que existisse uma aldeia ( vicus ) romana no actual Concelho de Rio Maior ( Carvalhais ).

O Espólio:

Até ao momento o espólio recolhido no decurso das escavações, é sobretudo composto de peças indicadoras do grande luxo e riqueza desta villa e dos seus proprietários.

 São inúmeros os fragmentos de placas de mármore, calcário e calcário cristalino, de variados tipos e cores que ornamentavam os rodapés e outras partes do imóvel. Alguns destes mármores apresentavam gravações a baixo-relevo e foram usados como frisos. As colunas também eram feitas com este tipo de
rocha.

 O chão de todas as dependências e áreas as salas de circulação até ao momento descobertas, são pavimentadas com mosaico. Este é de estilo geométrico associados a motivos vegetalistas e fitomórficos.

 Existe um grande número de tesselas de vidro numa rica e vasta gama de cor que deveriam ornamentar paredes ou nichos.

 Foram encontrados fragmentos de objectos comuns, fundos de ânforas, fragmentos de grandes potes de armazenamento, pesos de tear, cerâmica de uso comum.

 Até ao momento foram descobertos fragmentos de, pelo menos, cinco estátuas, uma delas de escala natural, e ainda uma peça quase intacta (faltam muito poucos fragmentos), a Ninfa fontanária de Rio Maior.

As Ruinas:

A Villa como a encontramos data do séc.III/IV, mas existem vestigios de uma construçao anterior, talvez do séc.I.
A Villa foi abandonada no séc.V no periodo da invasões barbaras.

Foi completamente saqueada e ainda serviu de abrigo ou habitação durante algum tempo pois uma das salas mais importantes, a sala circular (no exterior do pavilhão) revestidas a mosaico serviu de lixeira.

Até ao presente momento nos trabalhos arqueológicos só ainda encontramos parte na pars Urbana da Villa, ou seja, a área onde o propietário vivia com a sua familia, mas da área senhorial ainda nos falta pôr a descoberto outras zonas e ainda localizar o templo e os banhos ou termas.

A inexistência de paredes deve-se ao facto de, pelo menos desde o séc.XII, o local ter servido como pedreira para os habitantes da aldeia de Rio Maior.

A Villa já estava coberta com uma boa camada de entulho e detritos acumulados ao longo de centenas de anos, mas mantinha paredes à superficie do solo. As pessoas seguiam as paredes e desmantelaram-nas incluindo as funções.

Isto porque era mais barato vir aqui buscar a pedra do que a comprar a uma pedreira ou ir busca-la à serra.

Esta situação cria-nos grandes problemas de interpretação funcional dos espaços, mas já temos uma ideia de como as divisões da casa se organizavam.

Aqui, por exemplo, seria a entrada principal da casa a qual dá para este corredor que nos leva ao resto da casa e logo de frente para a porta temos esta abside, (sala semicircular) onde estaria uma estátua.

Em redor do tanque ( Peristillo ), (no exterior do pavilhão), tinhamos alguns quartos (caso da sala onde foi encontrada a ninfa e a sala ao lado ) e a sala das refeições (no exterior do pavilhão)

A Descoberta:

Foi descoberta em 1983.
O que levou à descoberta da Villa Romana foi a existência de referências num livro da história de Rio Maior, de Franciso Pereira de Sousa, onde ele nos conta que em 1800 e carqueja um lavrador com o seu arado puxou para fora da terra dois fustes de coluna em mármore um deles com cerca de 4 metros de comprido. Tambem encontrou fragmentos de mosaico.
Outro agricultor ao andar a cavar encontrou uma sepultura de tijoleira.

Com base nestas informações os Serviços de Arqueologia procederam a uma prospecção de campo, ou seja, percorreu-se todos os terrenos vazios da cidade de Rio Maior até se localizar um com vestigios romanos à superficie.

Os vestigios chegam á superficie do terreno trazidos pelos arados e pelas enxadas que resolvem a terra no decurso dos trabalhos agricolas, puxando para cima os restos das paredes e das telhas dos telhados que cairam sobre mosaicos.

Em 1992 e 1993, como começavam a surgir interesses imobiliários para esta zona e mesmo de alargamento do cemitério e, como o que se diz e escreve, nao conta, nem têm tanto peso, como o que se vê, os Serviços de Arqueologia abriram uma vala de sondagem abrangendo todo o terreno.

Ao longo da vala descobriram-se uma grande quantidade de mosaicos e várias peças de onde se destaca a Ninfa.

Verificando-se que estávamos perante uma Villa Romana muito importante e bem conservada.
Só em 1995 se reuniram condições necessárias para o inicio das escavações em toda a área.